HISTÓRIA DE ITABAIANA / PB
(Rainha do Vale do Paraíba)
ANIVERSÁRIO DE ITABAIANA DIA 26 DE MAIO
CARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS
O município de Itabaiana localiza-se no agrupamento das regiões do Agreste e Brejo Paraibano e na Microrregião Agropastoril do Baixo Paraíba, tem uma área de
205 quilômetros quadrados. Limita-se ao NORTE, com os municípios de Gurinhém, São José dos Ramos, Pilar e Mogeiro; ao SUL com os de Juripiranga e Salgado de São Félix.
Clima:
Seu clima tropical durante todo o ano é muito quente e sub-úmido, quase semiárido. Com temperatura média anual muito elevada, onde se registra máximas de 30 e mínima de 20 graus.
Vegetação:
O município era constituído por uma vegetação original de: Florestas Atlântica de Planície, Encosta e Agreste. Encontrando-se atualmente bastante modificada, em função da pecuária e de culturas temporárias.
Solo:
Em sua grande maioria é formado por uma mancha de associação de solos medianamente profundos a profundos, moderados a imperfeitamente drenados, moderadamente ácido, apresentando boas reservas de nutrientes para as plantas (isso em toda a extensão do município).
DEMOGRAFIA
ITABAIANA tem uma população de aproximadamente 26.248 habitantes sendo, 12.605 do sexo masculino e 13.643 do sexo feminino.
Pela estimativa do IBGE, a cidade possui uma densidade populacional de quase 128.04 habitantes por Km quadrados.
CARACTERÍSTICAS HISTÓRICAS
ITABAIANA era habitada por INDÍOS TUPIS que lutaram, fugiram e até morreram pelas suas terras com a chegada dos colonos.
No século XVIII, inicia-se a formação do núcleo colonial que deu origem a ITABAIANA, tendo como base a Missão do Pilar, estabelecido no local pelos jesuítas.
Os Precursores:
Segundo a história os primeiros proprietários rurais que se instalarão em Itabaiana foram: Francisco Camelo Valcasser e Francisco do Rego Barros, na localidade de Maracaípe lá pelo ano de 1663.
Com a fertilidade do solo e um clima atraente, principalmente pelas boas pastagens para o gado, outros moradores também chegaram.
Assim sendo, foram beneficiados com lotes de terra:
- Capitão Caetano Leitão de Vasconcelos (1726);
- Tenente João Tavares de Castro (1731);
- Capitão Francisco Cardoso da Silva (1743);
- Josefa Coelho e João Fernandes Lisboa (sogra e genro em 1757);
- Manoel Ferreira de Carvalho (1758);
- Capitão Antônio de Meirelles Peixoto (1759);
- Mathias Nunes Ângelo (1759);
- Capitão Joaquim Dias de Andrade (1781);
- Luiz Vaz de Carvalho, Manoel da Silva Rosa e Antônio José da Silveira (1781);
- José de Castro Lima (1794);
- João da Matta e D. Romualda Maria da Conceição (1807).
Outros lotes de terras foram concedidos, se tornando assim em fazendas de criação de gado e durante o período de 1780 a 1800, se Estabelecia o povoado de Itabaiana, os proprietários rurais iam se estabelecendo, produzindo, e daí crescendo a população do município.
Nas terras de Itabaiana a margem do rio Paraíba, foi onde se instalou o primeiro aglomerado, nascendo ali a primeira rua da futura cidade.
Origem do Município:
Itabaiana teve a sua origem colonizadora em Maracaípe no ano de 1663. Com relação às datas referentes á elevação do povoado de Itabaiana as categorias de vila, município, cidade, comarca e freguesia eclesiástica, há várias versões, assim narra Sabiniano Maia, em “Itabaiana – sua História – suas memórias de 1500 a 1975”
Sabe-se que o povoado de Itabaiana que pertencia ao Município de Pilar, passou á categoria de vila pela Lei nº 723 de 1º de outubro de 1881. (Alguns documentos trazem divergências quanto a essa data)
No governo de Venâncio Neiva em 23 de abril de 1890, através do Decreto nº 14 na comarca de Pilar é criado o município de Itabaiana, tendo como sede a vila do mesmo nome, fazendo parte ainda da sua divisão política e administrativa outros distritos. Esse mesmo governo através do Decreto nº 06 de 26 de maio de 1891 eleva Itabaiana a categoria de cidade, ficando assim esta data como a emancipação política do município.
Após instalada a Comarca de Itabaiana, foram designados para Juiz de Direito e Promotor Público respectivamente os bacharéis Claudino Francisco de Araújo Guarita e José Lucas Pires de Souza Rangel.
Prefeitos Municipais:
A partir de sua Emancipação Política o Município de Itabaiana foi administrado pelos seguintes prefeitos, no período de 1890 a 2008:
- José Luiz de Araújo (1890 / 1892);
- João Elias Vascurado (1892 / 1893);
- Virgínio Veloso Freire (1893 = 05 meses);
- Sem identificação (1893 / 1895);
- Manoel Germano de Araújo (1895 / 1900);
- Manoel Vicente de Queiroz (1900 = 03 meses);
- Volta a governar o prefeito Manoel Germano de Araújo (1901 / 1904), já que os anteriores eram eleitos pelos Conselhos Municipais (esse conselho foi dissolvido posteriormente);
Obs.: A partir desse período, passa a serem eleitos Prefeito e Vice-Prefeito, sendo eleito para Prefeito o Sr. Francisco Resende de Melo (1904 / 1909);
- Manoel Pereira Borges (1909 / 1915);
- Dr. Odilon Maroja (1915 / 1919);
- Manoel Joaquim de Araújo (1919 / 1922);
- Dr. João Florêncio Filho (1922 / 1925);
Obs.: O Prefeito não assumiu as suas funções, assumindo o vice-prefeito, o Sr. Olívio de Andrade Lira, (governou o mesmo período);
- Dr. João Florêncio Filho, toma posse em 02 de fevereiro de 1925, governou apenas 20 dias, assumindo o vice-prefeito, que ficou no poder por 03 meses;
- Pedro Muniz de Brito (1925 / 1929);
- Dr. Fernando Pessoa (1929 / 1932);
- Dr. Crisanto Lins (1932 / 1934);
- João Luiz Freire (1934 / 1936);
- Manoel Pereira Borges (1936 / 1937);
- Dr. Durval de Almeida (1937 / 1938);
- Dr. Abelardo Jurema (1938 = 04 dias);
- Dr. Antônio Batista Santiago (1938 / 1940);
- João Luiz Freire (1940 / 1942);
- José Augusto Pinto Ribeiro (1942 / 1945);
- Luiz Paulino da Silva (1945 / 1946);
- Manoel da Silva Lira (1946 / 1947);
- Sebastião Rodrigues do Nascimento (1948 = 08 meses);
- Dr. Odon de Sá Cavalcanti (1948 / 1951);
- Luiz Paulino da Silva (1951 / 1955);
- José Benedito da Silveira (1955 / 1959);
- Alceu Almeida Aguiar (1959 / 1963);
- Dr. Hugo Romero Saraiva (1963 / 1965);
- Dr. Everaldo de Morais Pimentel (1965 / 1969);
- Dr. Josué Dias de oliveira (1969 / 1973);
- Dr. Antônio Batista Santiago (1973 / 1977);
- Dr. Aglair da Silva (1977 / 1982);
- Edilson Andrade (interino de 28 / 02 a 07 / 10 / 1984);
- Severino Ramos da Silva (1984 / 1988);
- Sebastião Tavares de Oliveira (1988 / 1992);
- Geraldo Fonseca Filho (1992 / 1996);
- Antônio Carlos Rodrigues de Melo Júnior (1996 / 2000);
- Sebastião Tavares de Oliveira (2000 / 2004);
- Eurídice Moreira da Silva (2004 / 2008).
Personalidades e Filhos Ilustres de Itabaiana:
Dentre as Personalidades ilustres e os filhos de Itabaiana destacamos:
- Vladimir de Carvalho (Cineasta, Professor da Universidade de Brasília);
- Severino de Andrade Silva (Poeta popular, conhecido como Zé da Luz);
- Abelardo Jurema (Ministro da justiça no governo de João Goulart e representante do Brasil na ONU);
- Mário Campelo de Andrade (Advogado e Jornalista);
- Otto Cavalcanti (considerado na Europa como uma das maiores expressões da arte tridimensional);
- Luiz Francisco de Araújo (Professor em vários colégios no Recife);
- Severino Dias de Oliveira (Sivuca) (Artista de fama nacional e internacional, grande compositor da música popular brasileira);
- Jurandy Rodrigues Barroso (Jornalista);
- Luiz Ferreira da Silva (Jornalista, ex-diretor de “A UNIÃO”, órgão oficial do Estado);
- Nilson Resende (Médico, residente nos Estados Unidos);
- Bastos de Andrade (Poeta popular, irmão de Zé da Luz);
- Pingolença (Artista com grandes serviços em Itabaiana);
- Damião Ramos Cavalcanti (Professor da UFPB, UNIPÊ e FESP - Filosofo, Escritor e Poeta Imortal da Academia Paraibana de Letras )
- Jessier Quirino (Ator, Poeta, Arquiteto, Empresário).
Itabaiana é berço dessas pessoas que se destacaram e continuam se destacando no cenário Estadual, Nacional e Internacional, sem deixar de ressaltar aqueles que por aqui ficaram, e passam a escrever seus nomes na história do município, com destaques em todos os setores das atividades políticas, econômicas, culturais e sociais fazendo elevar o nome de nossa terra.
Patrimônio Histórico:
A própria História do Município é o seu maior Patrimônio. É por intermédio dos nossos antecessores que se esforçarão, se sacrificarão para construíram um legado que se transmite até hoje a nossa história. As gerações futuras devem preservar e reconhecer que cada monumento, construção ou marco, formam um conjunto que representa a história de seu povo.
O patrimônio histórico de Itabaiana é formado por: igrejas, capelas, praças, pontes, coreto, obelisco, casarões e tudo que lembra o seu passado, bem como seus grupos folclóricos, escolas de samba (que dão renome ao seu famoso carnaval de rua) e outros.
Origem do nome Itabaiana:
O nome do Município apresenta discussão em torno de sua correta grafia. Para alguns é simplesmente Tabaiana, vocábulo indígena taba – anga, que significa morada das almas, enquanto outros registram Itabaiana, Ita (pedra) – baiana (que dança), alusivo a uma pedra vermelha existente no leito do Rio Paraíba, que fazia movimentos rotatórios.
CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS
O desenvolvimento de ITABAIANA teve o seu início na pecuária e agricultura.
A feira de gado criada em 1864, da início ao grande progresso para o município se estendendo até a metade do século passado, atraindo centenas de comerciantes e compradores. A referida feira começava ás segundas-feiras á tarde indo até a terça-feira pela manhã, tendo assim um movimentado ininterrupto nos dois dias, culminando com a feira municipal que acontece até hoje ás terças-feiras. Essa feira de gado teve um longo período de duração, deixando a cidade de Itabaiana conhecida como a maior feira de gado do Estado e região, só começando a perder sua força após a abertura das estradas de rodagens e o aparecimento do automóvel, pois antes se utilizava os trens, carroças, e bondes, (o que facilitava a comercialização do gado nas próprias fazendas).
Primeiro foi o Curtume Santo Antônio e depois o Curtume Nossa Senhora da Conceição que contribuíram economicamente para o município, tendo os seus produtos sendo comercializados dentro e fora do país, bem como a época o Moinho Nutribem que teve os seus produtos vendidos em vários estados do nosso país.
Atualmente a Saboaria Itabaianense tem seus produtos com uma boa aceitação dentro e fora do nosso estado, e outras tantas empresas constituídas em nossa cidade elevam ainda mais o seu aspecto econômico, já no nosso comércio encontramos casas comercias que vendem seus produtos a grosso e a varejo. Contamos ainda no momento com uma boa infraestrutura no campo das comunicações.
CARACTERÍSTICAS EDUCACIONAIS
Educação:
Estar registrado na história de Itabaiana que o professor Emydio Vasco de Toledo instalou a primeira escola, no ano de 1881.
Atualmente a população conta com cursos de 1º, 2º e 3º graus, cujos professores moram em sua grande maioria em Itabaiana.
Educadores e Educandários que destacamos na História de Itabaiana:
- Profº. Maciel (foi professor de José Lins do Rego no Instituto Nossa Senhora do Carmo);
- Dona Marieta de Carvalho (Colégio São José);
- Nini Paes (Colégio São José);
- Professora Salomé Jordão;
- As Escolas Reunidas (Praça da Indústria);
- Colégio João Fagundes (centro da cidade)
- Colégio Nossa Senhora da Conceição (dirigido por irmãs religiosas da irmandade Santa Catarina de Sena, fundado em 1948);
- Colégio Estadual de Itabaiana;
- Colégio Técnico Comercial Dom Bosco, tendo na sua direção o Profº. Emir Nunes oferecendo cursos Profissionalizantes desde 1970.
OUTRAS INFORMAÇÕES
Outros fatos e acontecimentos também fazem parte da vida de Itabaiana:
Itabaianense Revolucionários:
- João Luiz Freire, revolucionário de 1817. (ficou preso na Bahia até 1821 quando lhe restituíam a liberdade);
- André Dias de Figueiredo, revolucionário de 1817;
- Custódio Vaz de Carvalho, encarcerado na Bahia até 1821.
Foram apelidados de “Itabaianense Revolucionários” pela grandeza e coragem que demonstraram na Revolução de 1817. Itabaiana como simples povoado, alcançando a bandeira branca símbolo da insurreição, marchou até a metrópole com dois mil homens, onde foram acolhidos com grande alegria e aclamação.
- Félix Antônio, revolucionário da Batalha de 1824, (travada no Riacho das Pedras, entre Republicanos da Confederação do Equador e Tropas Legalistas do Império);
A batalha travou-se por quatro horas com a participação de três mil e quinhentos homens. O Tenente Coronel Estevão José Carneiro da Cunha comandava o exército legalista não havendo vencedor. Como saldo da Batalha 23 confederados foram mortos e 30 soldados legalistas foram presos. O escritor Joaquim Inojosa expressou-se “Razão têm os Itabaianenses de festejarem essa data que forma uma das belas páginas da história brasileira, diretamente de sua cidade”
Folclore:
A influência do folclore de Itabaiana vem de três fontes fundamentais: Cultura Europeia (Portuguesa, Francesa e Holandesa), Africana e Indígena, ligadas as tribos Tupis. Destacando-se:
- Vaquejadas, tradicionalmente promovida pela família Duré;
- Coco de Roda, dança em círculo, usando os instrumentos zabumba maior zabumba menor, caracaxá, solista. O coco de roda tem diversas variações, sendo as mais conhecidas: Coco Batido, Coco de Umbigada, Coco de Roda, Coco do Sertão e Coco do Mergulho. Itabaiana tem como seus maiores emboladores de Coco de Roda José Martins de Souza e Manoel Inês da Silva;
- Bumba Meu Boi, é uma dança com representação dramática empregada pelos jesuítas para auxiliar a catequese no Brasil. Tem nomes variados de acordo com a região apresentando características peculiares;
- Quadrinha Junina, dança de origem francesa, normalmente apresentada nas festas juninas. Dança-se ao som de conjunto regional composto de sanfona, zabumba, pandeiro e triângulo;
- Corrida de Argolinha e Cavalhada, manifestação folclórica que geralmente se realiza em locais de zona rurais. Os cavaleiros empunhando uma lança concorrem alternadamente, montados a cavalo, representando o cordão azul e encarnado, tornando-se vencedora a ala que conseguir arrancar o maior número de argolinhas.
Jornais e Periódicos:
No século XX nas duas primeiras décadas, Itabaiana teve a honra de redigir os melhores periódicos do Estado.
O primeiro a circular no município foi a “Gazeta da Manhã” considerado o mais completo periódico do interior publicado nos velhos tempos.
Outros periódicos circularam em tempos mais remotos: “A Notícia”, “Correio da Semana”, “O Dia”, O Anthélio” e a “Folha”.
A “Folha” passou um bom período sem circular, voltando na administração de Sebastião Tavares de Oliveira, ELA que é o órgão oficial do Município de Itabaiana, e que teve como seu fundador Dr. Fernando Pessoa e Pedro Muniz de Brito em 1927.
Hoje temos em circulação “A Tribuna”
Instituições, Fatos e Pessoas:
VIGÁRIO: Padre Francisco Targino (1903 / 1906);
JORNAL: Jornal de Itabaiana “O MUNICÍPIO” (1908);
MÉDICO: Dr. José de Souza Maciel (1904);
DENTISTA: Dr. Francisco Chalaça (1908);
ASSOCIAÇÃO: Associação Comercial de Itabaiana, (Presidente José Oliveira da Silva em 1961);
COMARCA: Decreto nº 22 (junho de 1890);
FEIRA DE GADO: Criada em 1864;
TREM: O primeiro trem chega a Itabaiana (1901);
ADVOGADO: Dr. Joaquim Inojosa é o 1º a se instalar em Itabaiana no governo do Dr. Odilon Maroja;
HOSPITAL: São Vicente de Paulo, sob a presidência de Artur Serrano, realizado e construído pela Sociedade Mantenedora do Hospital e Maternidade São Vicente de Paula, sob a presidência do Dr. Antônio Batista Santiago, inaugurado em 19 de março de 1949;
CORREIOS: Agência dos Correios e Telégrafos criada em 1829;
TELEFONE: Instalado pelo mecânico Francisco Sótter
ÁGUA: O abastecimento d’água chega a Itabaiana em 1912;
ASILO DOS VELHOS: Fundado em 26 de junho de 1950;
CINEMA: Instalado na cidade em 1910;
CASA DA MÃE POBRE: Fundada em 1959;
SOCIEDADE BENEFICENTE DOS TRABALHADORES: Fundada em 1948
UNIÃO DOS ARTISTAS E OPERÁRIOS: Fundada em 1916, tendo como 1º presidente José Tertuliano Ferreira;
CORETO: Inaugurado em 1914 na administração de Manoel Pereira Borges;
AÇOUGUE: Construído e inaugurado em 1881;
CARROÇAS: Puxadas a boi, prestando um grande auxílio aos comerciantes (1900 / 1929);
BONDE DE BURRO: De 1914 a 1930, no governo do Dr. Germiniano Jurema Filho, noticiado no jornal “A UNIÃO” na sua inauguração como “grande melhoramento por que acaba de passar a progressista cidade de Itabaiana”.
HINO DA CIDADE
O patamar do Paraíba, Hino à Itabaiana Letra por Reginaldo Alves de Araújo
Em vigorosos brados retumbantes
Semelhantes clarins a soar
Eu proclamo ardente o teu raiar
A esta plêiade de jovens vibrantes
Do Paraíba és o patamar
Para os filhos, tu és o céu
Na colmeia da vida o mel
Nas densas trevas, o luar.
Com ardor no coração
Elevar o teu nome sempre
É meu lema e devoção.
Tuas ruas endeusaram Zé da Luz
O sangue do Silveira floresceu
A bravara dos filhos teus
Pondo-te na glória que reluz
Tua matriz, portal de salvação
Teus morros de beleza mil
Encantou teu povo gentil
Ó meu lindo canto de mansidão.
Semelhantes clarins a soar
Eu proclamo ardente o teu raiar
A esta plêiade de jovens vibrantes
Do Paraíba és o patamar
Para os filhos, tu és o céu
Na colmeia da vida o mel
Nas densas trevas, o luar.
- Estribilho
Com ardor no coração
Elevar o teu nome sempre
É meu lema e devoção.
Tuas ruas endeusaram Zé da Luz
O sangue do Silveira floresceu
A bravara dos filhos teus
Pondo-te na glória que reluz
Tua matriz, portal de salvação
Teus morros de beleza mil
Encantou teu povo gentil
Ó meu lindo canto de mansidão.
Sivuca.
No dia 26 de maio de 1930,
Severino Dias de Oliveira chegou ao mundo em Itabaiana, semiárido da Paraíba.
De família de sapateiros e agricultores, começou a tocar sanfona em feiras,
batizados e festas aos nove anos de idade.
Até aos quinze, quando se mudou para Recife, seguiu tocando e
fazendo música pelo interior do Nordeste. Em 1945, aventurou-se
no programa de calouros Divertimentos guararapes, na Rádio Guararapes,
com a canção "Tico-tico no fubá" (Zequinha de Abreu e Eurico
Barreiros), e "In the mood" (Joe Garland e Andy Razaf). Nessa
ocasião, as atenções do maestro Nelson Ferreira recaíram sobre o
novato, que foi convidado para se apresentar no dia seguinte em programa
escrito e apresentado pelo locutor esportivo, cronista e compositor Antônio
Maria. Começou como profissional na Rádio Clube de Pernambuco, onde recebeu o
nome artístico de Sivuca.
Poucos anos depois, tornou-se aluno do maestro Guerra Peixe,
com quem estudou composição e arranjo. Excursionando por Recife, a cantora
Carmélia Alves se encantou com o músico – que já integrava o elenco da Rádo
Jornal do Comércio - e o convidou para gravar em
São Paulo. Em 1950, Sivuca selou a parceria com Humberto Teixeira e
lançou seu primeiro disco pela gravadora Continental, que revelou “Adeus maria
fulô”, além de interpretações de "Tico-tico no fubá" e do choro
"Carioquinha no flamengo", de Waldir Azevedo e Bonfiglio de Oliveira.
Em 1951, acompanhou a cantora Carmélia Alves ao acordeão em "No mundo do
baião", e participou de seu segundo disco, interpretando "Frevo dos
vassourinhas número 1" (Matias da Rocha) e o baião "Sivuca no
baião" (Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga).
Ainda no começo da década, realizou temporadas anuais em São
Paulo, em programas especiais na Rádio Record, com regional ou orquestra sob a
regência dos maestros Hervê Cordovil e Gabriel Migliori. Mudou-se para o Rio de
Janeiro em 1955, ano em que foi contratado pelos Diários Associados para fazer
apresentações na Rádio e na TV Tupi cariocas. Em 1956 gravou pela Copacabana,
de sua autoria, o choro "Homenagem à velha guarda"
– seu segundo sucesso - e a polca "Pulando num pé só", de Edvaldo
Pessoa.
Com o passaporte carimbado, embarcou com o grupo Os Brasileiros, sob a liderança de Guio de Morais, para uma turnê de três meses na Europa. Ao lado do Trio Iraquitã, de Dimas, de Pernambuco e de Abel Ferreira, o combo divulgaria a MPB no exterior graças à Lei Humberto Teixeira. Fruto dessa temporada foi sua residência em Lisboa. Mas no fim da década de 1950, veio o bilhete azul da Tupi. Isso porque aderiu a uma greve de reivindicação salarial. Juntou-se, então, ao grupo Brasília Ritmos, formado por Waldir Azevedo, Trio Fluminense, Vilma Valéria, Norato, Eliseu, Swing, Edison, Jorge e Tião Marinho, no qual ficou por três meses.
Gravou seu primeiro LP europeu pela gravadora Valentin de Carvalho, em que produziu e arranjou o primeiro disco de música angolana da Europa, Duo ouro negro. Em 1960, foi convidado para trabalhar em Paris. Apresentou-se na Maison Barclay, na capital francesa, e lá permaneceu por quatro anos, apresentando-se em restaurantes e clubes. Em 1962, gravou pela Barclay o LP Rendez-vous a Rio, e venceu o prêmio de melhor músico do ano, concedido pela imprensa francesa.
Em 64, atravessou o Atlântico e fincou os pés em Nova York. Acompanhou a cantora Carmen Costa em apresentações pelos Estados Unidos e, entre 65 e 69, assumiu a direção musical da cantora sul-africana Miriam Makeba. Com ela gravou 3 discos em Nova York e conquistou o sucesso internacional como arranjador instrumentista com “Pata-pata”. Realizou turnês pela Ásia, África, Europa, América do Sul e do Norte. Inaugurou, nessa época, o segundo canal de televisão da Suécia, onde gravou dois LPs. Chegou a lançar um LP japonês como violonista. Pela primeira vez, visitou a Escandinávia e assim descreveu em seu site oficial suas impressões sobre a gente dali: “lembro bem da minha primeira chegada à terra dos vikings. Achei um povo muito parecido comigo, na cor alva da pele e no gosto pelo acordeão. Fui logo tratado por eles como irmão. Foi em Copenhagen, em 67, no Varieteen Teather, no Tivoli, numa turnê ao lado da grande dama da música africana, minha dileta amiga Miriam Makeba”. Em 68, ainda morando em Nova York, voltou duas vezes para temporadas de shows que resultaram em programas de televisão pra Finlândia e Noruega, além da gravação de três discos (um solo e dois com Putte Wickman).
Em 69, desligou-se da banda de Makeba e, a convite de Oscar Brown Jr., assumiu a direção do musical Joy. Compôs “Mãe áfrica” para esse espetáculo e com ele se apresentou em San Francisco, Chicago e Nova York, onde o show foi gravado ao vivo pela RCA. Quatro anos depois, projetou-se mais uma vez, com seu show de música brasileira, no Village Gate, onde permaneceu em cartaz por 2 meses e gravou o LPLife from the Gate, pela Vanguard.
Em 1975 realizou projetos com artistas renomados como Hermeto Pascoal, Airto Moreira, Betty Midler, Paul Simon. Filmou um programa especial para a televisão francesa com o mímico Marcel Marceau e com o ator e cantor Harry Belafonte. Casou-se com a compositora Gloria Gadelha, com quem iniciou uma parceria musical frutífera, como em “Feira de mangaio”, considerado um clássico do forró e eternizado por Clara Nunes.
Em 1978 lançou o LP Sivuca, no qual interpretou o sambaião "O dia em que El Rey voltou à terra de Santa Cruz", parceria com Paulinho Tapajós; as upakangas – ritmo originário da África do Sul - "Mãe áfrica" (em parceria com Paulo Cesar Pinheiro) e “Barra vai quebrando”; e o arrasta-pé "Samburá de peixe miúdo", estas duas últimas em parceria com a mulher Glorinha Gadelha. No mesmo ano, obteve grande sucesso com a composição "João e maria", em parceria com Chico Buarque. A canção saiu no disco Meus amigos são um barato, nas vozes de Nara Leão e Chico, com arranjo de Sivuca. Em 1980 lançou o disco Cabelo de milho, no qual interpretou, entre outras, a faixa-título, em parceria com Paulinho Tapajós; "Cantador latino", com Paulo Cesar Pinheiro; "No tempo dos quintais", que contou com a participação especial do cantor Fagner; além de "Se te pego na mentira", em parceria com Glorinha Gadelha.
Em 1984, o arranjador e produtor Rune Öfwerman apresentou Sivuca a Griec e Hans Cristian Andersen. Idealizou e produziu, pela gravadora Sonet, o projeto Rendez-vous in Rio, composto pelo disco Som brasil, por um segundo da cantora sueca Sylvia Vrethammar e por Chico’s bar, do brasileiro com o gaitista belga Toots Thielemans. Este projeto culminou com a gravação de um clipe, ao vivo, no Chico’s Bar, Rio de Janeiro, pela TV sueca. Nos anos seguintes foi convidado, pelo produtor Rune e Sylvia, para uma série de temporadas pela Escandinávia. No mesmo ano, juntou-se a Chiquinho do Acordeon no disco Sivuca e Chiquinho, que contou com a participação especial do maestro Radamés Gnattali. Gravou as composições "Pé de moleque", de Radamés; "O eterno jovem Bach", de Altamiro Carrilho; "Valsa verde", de Capiba; "Aquariana". do próprio Sivuca e "Rabo de fita", parceria de Sivuca e Chiquinho do Acordeon. Em 1985 colocou três discos nas prateleiras suecas: Som brasil, Rendez-vous in Rio e Chico''''s bar - Sivuca e Toots Thielemans, os três pela gravadora Sonet.
No final da década de 80, lançou com o gaitista Rildo Hora o LP Sanfona e realejo, que obteve boa receptividade por parte da crítica especializada. Após a morte da cantora Nara Leão, em 89, Sivuca e Paulinho Tapajós compuseram, em sua homenagem, "Canção que se imaginara", registrada primeira no CD Enfim solo, lançado em 1997 e no qual interpreta composições de Pixinguinha, Luperce Miranda e Johann Sebastian Bach.
Em 1990, lançou o LP Um pé no asfalto, um pé na buraqueira, com a participação especial de Rildo Hora e de Glorinha Gadelha interpretando, entre outras, "Bom e bonito", de Osvaldinho do Acordeon; "Forró da gente", de Cecéu; "Guararema", em parceria com Glorinha Gadelha, e "Quem disse que o forró acabou?".
Em abril de 94, foi ao ar na TV Cultura, o programa Ensaio com Sivuca e o convidado Dominguinhos. No dia 30 de dezembro, participou do show em homenagem à posse do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ao seu lado se apresentam Hermeto Pascoal, Osvaldinho, Borghetinho e Waldonys.
Continuou realizando apresentações no Brasil e no exterior, participando de festivais e recebendo a reverência internacional por seu trabalho instrumental. Em 2000 apresentou-se no Teatro Municipal do Rio de Janeiro junto com a Orquestra Petrobras Pró Música e o arranjador Wagner Tiso.
No carnaval de 99, a Unidos de Vila Isabel homenageou a cidade de João Pessoa, capital da Paraíba. Entre os destaques da agremiação estavam Elba Ramalho, Sivuca e Herbert Viana.
Em janeiro de 2001, em São Luís, na série de shows em homenagem ao compositor Antônio Vieira, principal fonte de inspiração de novos músicos maranhenses, subiu ao palco junto com Zeca Baleiro, Rita Ribeiro e Elza Soares. No ano seguinte, participou de shows em comemoração aos 25 anos de fundação da gravadora Kuarup, com apresentações no Canecão, no Rio de Janeiro, e no Teatro da UFF, em Niterói.
Em 2004, Sivuca gravou três discos: Cada um belisca um pouco (Biscoito Fino), com Dominguinhos e Oswaldinho; Sivuca & quinteto uirapuru (Kuarup) e Sivuca sinfônico, que permaneceu inédito até 2006, em que empunhou a sanfona e se uniu à Orquestra Sinfônica de Recife pra registrar composições populares com arranjos eruditos. Estão no repertório, “Rapsódia gonzaguiana” (uma seleção de clássicos de Luiz Gonzaga), “Concerto sinfônico para asa branca” (adaptação para sanfona e orquestra do hino de Gonzagão e Humberto Teixeira), “Feira de mangaio”, “Aquariana” (peça feita por ele para Glorinha, única inédita em disco), “Moto-perpétuo” (transcrição para sanfona da peça de Paganini), “Quando me lembro” (de Luperce Miranda), e “João e Maria”.
A saúde de Sivuca foi piorando e o câncer nas glândulas salivares que vinha tratando há quase 30 anos atingiu seu pulmão em novembro de 2005. Incansável, não parou, e assinou todos os arranjos para o disco Terra esperança Sivuca sinfônico foi lançado pela gravadora carioca Biscoito Fino. Mais um de seus grandes sonhos, unir música popular e erudita pela sua sanfona, estava realizado. Porém, a saúde do músico voltou a piorar e em 14 de dezembro de 2006 Sivuca morreu em decorrência de uma insuficiência respiratória causada por edema pulmonar. Compareceram em seu enterro em João Pessoa mais de 2 mil pessoas.
Com o passaporte carimbado, embarcou com o grupo Os Brasileiros, sob a liderança de Guio de Morais, para uma turnê de três meses na Europa. Ao lado do Trio Iraquitã, de Dimas, de Pernambuco e de Abel Ferreira, o combo divulgaria a MPB no exterior graças à Lei Humberto Teixeira. Fruto dessa temporada foi sua residência em Lisboa. Mas no fim da década de 1950, veio o bilhete azul da Tupi. Isso porque aderiu a uma greve de reivindicação salarial. Juntou-se, então, ao grupo Brasília Ritmos, formado por Waldir Azevedo, Trio Fluminense, Vilma Valéria, Norato, Eliseu, Swing, Edison, Jorge e Tião Marinho, no qual ficou por três meses.
Gravou seu primeiro LP europeu pela gravadora Valentin de Carvalho, em que produziu e arranjou o primeiro disco de música angolana da Europa, Duo ouro negro. Em 1960, foi convidado para trabalhar em Paris. Apresentou-se na Maison Barclay, na capital francesa, e lá permaneceu por quatro anos, apresentando-se em restaurantes e clubes. Em 1962, gravou pela Barclay o LP Rendez-vous a Rio, e venceu o prêmio de melhor músico do ano, concedido pela imprensa francesa.
Em 64, atravessou o Atlântico e fincou os pés em Nova York. Acompanhou a cantora Carmen Costa em apresentações pelos Estados Unidos e, entre 65 e 69, assumiu a direção musical da cantora sul-africana Miriam Makeba. Com ela gravou 3 discos em Nova York e conquistou o sucesso internacional como arranjador instrumentista com “Pata-pata”. Realizou turnês pela Ásia, África, Europa, América do Sul e do Norte. Inaugurou, nessa época, o segundo canal de televisão da Suécia, onde gravou dois LPs. Chegou a lançar um LP japonês como violonista. Pela primeira vez, visitou a Escandinávia e assim descreveu em seu site oficial suas impressões sobre a gente dali: “lembro bem da minha primeira chegada à terra dos vikings. Achei um povo muito parecido comigo, na cor alva da pele e no gosto pelo acordeão. Fui logo tratado por eles como irmão. Foi em Copenhagen, em 67, no Varieteen Teather, no Tivoli, numa turnê ao lado da grande dama da música africana, minha dileta amiga Miriam Makeba”. Em 68, ainda morando em Nova York, voltou duas vezes para temporadas de shows que resultaram em programas de televisão pra Finlândia e Noruega, além da gravação de três discos (um solo e dois com Putte Wickman).
Em 69, desligou-se da banda de Makeba e, a convite de Oscar Brown Jr., assumiu a direção do musical Joy. Compôs “Mãe áfrica” para esse espetáculo e com ele se apresentou em San Francisco, Chicago e Nova York, onde o show foi gravado ao vivo pela RCA. Quatro anos depois, projetou-se mais uma vez, com seu show de música brasileira, no Village Gate, onde permaneceu em cartaz por 2 meses e gravou o LPLife from the Gate, pela Vanguard.
Em 1975 realizou projetos com artistas renomados como Hermeto Pascoal, Airto Moreira, Betty Midler, Paul Simon. Filmou um programa especial para a televisão francesa com o mímico Marcel Marceau e com o ator e cantor Harry Belafonte. Casou-se com a compositora Gloria Gadelha, com quem iniciou uma parceria musical frutífera, como em “Feira de mangaio”, considerado um clássico do forró e eternizado por Clara Nunes.
Em 1978 lançou o LP Sivuca, no qual interpretou o sambaião "O dia em que El Rey voltou à terra de Santa Cruz", parceria com Paulinho Tapajós; as upakangas – ritmo originário da África do Sul - "Mãe áfrica" (em parceria com Paulo Cesar Pinheiro) e “Barra vai quebrando”; e o arrasta-pé "Samburá de peixe miúdo", estas duas últimas em parceria com a mulher Glorinha Gadelha. No mesmo ano, obteve grande sucesso com a composição "João e maria", em parceria com Chico Buarque. A canção saiu no disco Meus amigos são um barato, nas vozes de Nara Leão e Chico, com arranjo de Sivuca. Em 1980 lançou o disco Cabelo de milho, no qual interpretou, entre outras, a faixa-título, em parceria com Paulinho Tapajós; "Cantador latino", com Paulo Cesar Pinheiro; "No tempo dos quintais", que contou com a participação especial do cantor Fagner; além de "Se te pego na mentira", em parceria com Glorinha Gadelha.
Em 1984, o arranjador e produtor Rune Öfwerman apresentou Sivuca a Griec e Hans Cristian Andersen. Idealizou e produziu, pela gravadora Sonet, o projeto Rendez-vous in Rio, composto pelo disco Som brasil, por um segundo da cantora sueca Sylvia Vrethammar e por Chico’s bar, do brasileiro com o gaitista belga Toots Thielemans. Este projeto culminou com a gravação de um clipe, ao vivo, no Chico’s Bar, Rio de Janeiro, pela TV sueca. Nos anos seguintes foi convidado, pelo produtor Rune e Sylvia, para uma série de temporadas pela Escandinávia. No mesmo ano, juntou-se a Chiquinho do Acordeon no disco Sivuca e Chiquinho, que contou com a participação especial do maestro Radamés Gnattali. Gravou as composições "Pé de moleque", de Radamés; "O eterno jovem Bach", de Altamiro Carrilho; "Valsa verde", de Capiba; "Aquariana". do próprio Sivuca e "Rabo de fita", parceria de Sivuca e Chiquinho do Acordeon. Em 1985 colocou três discos nas prateleiras suecas: Som brasil, Rendez-vous in Rio e Chico''''s bar - Sivuca e Toots Thielemans, os três pela gravadora Sonet.
No final da década de 80, lançou com o gaitista Rildo Hora o LP Sanfona e realejo, que obteve boa receptividade por parte da crítica especializada. Após a morte da cantora Nara Leão, em 89, Sivuca e Paulinho Tapajós compuseram, em sua homenagem, "Canção que se imaginara", registrada primeira no CD Enfim solo, lançado em 1997 e no qual interpreta composições de Pixinguinha, Luperce Miranda e Johann Sebastian Bach.
Em 1990, lançou o LP Um pé no asfalto, um pé na buraqueira, com a participação especial de Rildo Hora e de Glorinha Gadelha interpretando, entre outras, "Bom e bonito", de Osvaldinho do Acordeon; "Forró da gente", de Cecéu; "Guararema", em parceria com Glorinha Gadelha, e "Quem disse que o forró acabou?".
Em abril de 94, foi ao ar na TV Cultura, o programa Ensaio com Sivuca e o convidado Dominguinhos. No dia 30 de dezembro, participou do show em homenagem à posse do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ao seu lado se apresentam Hermeto Pascoal, Osvaldinho, Borghetinho e Waldonys.
Continuou realizando apresentações no Brasil e no exterior, participando de festivais e recebendo a reverência internacional por seu trabalho instrumental. Em 2000 apresentou-se no Teatro Municipal do Rio de Janeiro junto com a Orquestra Petrobras Pró Música e o arranjador Wagner Tiso.
No carnaval de 99, a Unidos de Vila Isabel homenageou a cidade de João Pessoa, capital da Paraíba. Entre os destaques da agremiação estavam Elba Ramalho, Sivuca e Herbert Viana.
Em janeiro de 2001, em São Luís, na série de shows em homenagem ao compositor Antônio Vieira, principal fonte de inspiração de novos músicos maranhenses, subiu ao palco junto com Zeca Baleiro, Rita Ribeiro e Elza Soares. No ano seguinte, participou de shows em comemoração aos 25 anos de fundação da gravadora Kuarup, com apresentações no Canecão, no Rio de Janeiro, e no Teatro da UFF, em Niterói.
Em 2004, Sivuca gravou três discos: Cada um belisca um pouco (Biscoito Fino), com Dominguinhos e Oswaldinho; Sivuca & quinteto uirapuru (Kuarup) e Sivuca sinfônico, que permaneceu inédito até 2006, em que empunhou a sanfona e se uniu à Orquestra Sinfônica de Recife pra registrar composições populares com arranjos eruditos. Estão no repertório, “Rapsódia gonzaguiana” (uma seleção de clássicos de Luiz Gonzaga), “Concerto sinfônico para asa branca” (adaptação para sanfona e orquestra do hino de Gonzagão e Humberto Teixeira), “Feira de mangaio”, “Aquariana” (peça feita por ele para Glorinha, única inédita em disco), “Moto-perpétuo” (transcrição para sanfona da peça de Paganini), “Quando me lembro” (de Luperce Miranda), e “João e Maria”.
A saúde de Sivuca foi piorando e o câncer nas glândulas salivares que vinha tratando há quase 30 anos atingiu seu pulmão em novembro de 2005. Incansável, não parou, e assinou todos os arranjos para o disco Terra esperança Sivuca sinfônico foi lançado pela gravadora carioca Biscoito Fino. Mais um de seus grandes sonhos, unir música popular e erudita pela sua sanfona, estava realizado. Porém, a saúde do músico voltou a piorar e em 14 de dezembro de 2006 Sivuca morreu em decorrência de uma insuficiência respiratória causada por edema pulmonar. Compareceram em seu enterro em João Pessoa mais de 2 mil pessoas.
Zé da Luz - Biografia
As flô de Puxinanã
(Paródia de As "Flô de Gerematáia" de Napoleão Menezes)
Três muié ou três irmã,
três cachôrra da mulesta,
eu vi num dia de festa,
no lugar Puxinanã.
A mais véia, a mais ribusta
era mermo uma tentação!
mimosa flô do sertão
que o povo chamava Ogusta.
A segunda, a Guléimina,
tinha uns ói qui ô! mardição!
Matava quarqué critão
os oiá déssa minina.
Os ói dela paricia
duas istrêla tremendo,
se apagando e se acendendo
em noite de ventania.
A tercêra, era Maroca.
Cum um cóipo muito má feito.
Mas porém, tinha nos peito
dois cuscús de mandioca.
Dois cuscús, qui, prú capricho,
quando ela passou pru eu,
minhas venta se acendeu
cum o chêro vindo dos bicho.
Eu inté, me atrapaiava,
sem sabê das três irmã
qui ei vi im Puxinanã,
qual era a qui mi agradava.
Inscuiendo a minha cruz
prá sair desse imbaraço,
desejei, morrê nos braços,
da dona dos dois cuscús!
Ai! se sêsse!...
Se um dia nós se gostasse;
Se um dia nós se queresse;
Se nós dos se impariásse,
Se juntinho nós dois vivesse!
Se juntinho nós dois morasse
Se juntinho nós dois drumisse;
Se juntinho nós dois morresse!
Se pro céu nós assubisse?
Mas porém, se acontecesse
qui São Pêdo não abrisse
as portas do céu e fosse,
te dizê quarqué toulíce?
E se eu me arriminasse
e tu cum insistisse,
prá qui eu me arrezorvesse
e a minha faca puxasse,
e o buxo do céu furasse?...
Tarvez qui nós dois ficasse
tarvez qui nós dois caísse
e o céu furado arriasse
e as virge tôdas fugisse!!!
(Paródia de As "Flô de Gerematáia" de Napoleão Menezes)
Três muié ou três irmã,
três cachôrra da mulesta,
no lugar Puxinanã.
A mais véia, a mais ribusta
era mermo uma tentação!
mimosa flô do sertão
que o povo chamava Ogusta.
A segunda, a Guléimina,
tinha uns ói qui ô! mardição!
Matava quarqué critão
os oiá déssa minina.
Os ói dela paricia
duas istrêla tremendo,
se apagando e se acendendo
em noite de ventania.
A tercêra, era Maroca.
Cum um cóipo muito má feito.
Mas porém, tinha nos peito
dois cuscús de mandioca.
Dois cuscús, qui, prú capricho,
quando ela passou pru eu,
minhas venta se acendeu
cum o chêro vindo dos bicho.
Eu inté, me atrapaiava,
sem sabê das três irmã
qui ei vi im Puxinanã,
qual era a qui mi agradava.
Inscuiendo a minha cruz
prá sair desse imbaraço,
desejei, morrê nos braços,
da dona dos dois cuscús!
Ai! se sêsse!...
Se um dia nós se gostasse;
Se um dia nós se queresse;
Se nós dos se impariásse,
Se juntinho nós dois vivesse!
Se juntinho nós dois morasse
Se juntinho nós dois drumisse;
Se juntinho nós dois morresse!
Se pro céu nós assubisse?
Mas porém, se acontecesse
qui São Pêdo não abrisse
as portas do céu e fosse,
te dizê quarqué toulíce?
E se eu me arriminasse
e tu cum insistisse,
prá qui eu me arrezorvesse
e a minha faca puxasse,
e o buxo do céu furasse?...
Tarvez qui nós dois ficasse
tarvez qui nós dois caísse
e o céu furado arriasse
e as virge tôdas fugisse!!!